Criação e manejo de abelhas sem ferrão, dicas de plantas e meio ambiente.

terça-feira, 20 de abril de 2021

Por que ocorre absorção nas abelhas Bugias

Olá pessoal.

Hoje venho falar com vocês a respeito de absorções que ocorrem na abelha Bugia, principalmente as nativas do Sul do Brasil.

As Bugias (Melipona Mondury) nativas do Sul, são mais territorialistas, diferente das encontradas na região do Espirito Santo. Essas são possível criar em prateleiras lado a lado, sem que ocorra brigas.


Abelha Bugia (Melipona Mondury)

Sou criador das Bugias nativas do Sul, e pela minha experiência prática com elas pude perceber, que elas são mais agressivas com relação ao defender as proximidades ao redor do enxame. Principalmente quando introduzimos um enxame novo no meliponário, pois elas percebem um feromônio diferente no local e já partem para briga, podendo até perder os enxames, pois perde-se muitas abelhas atracadas de ambas caixas. 

A absorção acontece em enxames mais fracos para os mais fortes, geralmente um enxame mais fraco possui poucas campeiras, enxames mais fortes em meliponários geralmente tem predominância criando um domínio sobre os outros enxames sendo assim as campeiras conseguindo entrar nos enxames mais fracos, com isso elas geralmente começam a saquear, enfraquecendo ainda mais o enxame. Mas o pior da absorção é a perda de campeiras, pois as abelhas do enxame começam a abandonar o enxame e a trabalhar para o enxame forte, com isso chega ao ponto em que a caixa resta só a rainha na caixa, por isso o nome absorção.

Não existe ainda nenhum estudo científico para explicar tal comportamento, porém observando a natureza sempre encontramos exemplos que sempre o mais forte se sobre sai, assim nos animais por exemplo; em uma cria sempre a mãe irá deixar algum filhote que nascer com deficiência ou fraco e cuidará do mais forte com mais condições de sobrevivência. Acredito que isso se aplique também nas abelhas, as campeiras deem preferência para o enxame mais forte, que tem mais condições de sobrevivência. Porém um estudo científico mais aprofundado seria interessante para explicarmos esse comportamento.

Como evitar a absorção

Como vimos geralmente ocorre com enxames fracos, uma das maneiras de evitar é fazendo um meliponário com um distanciamento maior entre as caixas, de preferência fazer as caixas separadas em estaleiros com distanciamento de no mínimo 3 metros entre as caixas. Porem essa alternativa demanda muito espaço, se você não possui tanto espaço uma outra alternativa é evitar que seus enxames fiquem fracos e sucessíveis a outros enxames. Geralmente o enxame fica fraco quando fazemos divisões, nas divisões geralmente 50% do enxame é utilizado para fazer outro enxame. Uma forma de fazer divisões sem que seus enxames se enfraqueçam muito é utilizar método 3x1. Ou seja utilizar 3 enxames para fazer 1. Depois que comecei a fazer assim diminuiu muito as absorções no meu meliponário, pois utilizo 1 disco de uma, outro disco de outra e campeiras de outra, fazendo com que as caixas doadoras percam apenas de 10 a 20% de seu vigor se recuperando muito mais rápido e não enfraquecendo.


Exemplo de meliponário em estaleiros separados

Exemplo de meliponário em prateleiras

O método de divisão mais comum hoje em dia é por módulo, porém nas bugias criadas próximas esse método enfraquece muito o enxame doador, abrindo brecha para que a absorção aconteça. O método por módulo em Bugias do Sul é muito eficaz em meliponários com bom espaços criadas em estaleiros, porém quem tem pouco espaço no meliponário esse método pode facilitar a absorção nos enxames.

Há outros fatores também que pode enfraquecer seus enxames, como formigas, forídeos, moscas soldado, excesso de sol, a falta de suprimentos e entre outros, por isso o meliponicultor deve sempre estar atento as condições dos seus enxames e se preciso intervir para que seu enxame não definhe.  

   


 

 

sábado, 10 de abril de 2021

A abelha Guaraipo (Melipona bicolor)

Guaraipo (Melipona bicolor) é uma abelha social da subfamília dos meliponíneos, de ampla distribuição brasileira. Também é conhecida pelos nomes de Fura-Terra, Garapu, Graipu, Guaraipo, Guarapu e Pé-de-Pau. Essa espécie é muito mansa, proporcionando um fácil manejo. A Guaraipo apresenta poliginia, isto é,  mais de uma rainha no mesmo ninho, o que é raro entre as abelhas sem ferrão.


Abelha Guaraipo

Essa espécie é rústica, mas com o fator feromonal em destaque. Necessita de lugares sombreados e Úmidos, pois necessitam de boa umidade interna da colmeia.

Morfologia
Melipona bicolor atinge até 9 mm de comprimento e possui coloração preta com a cabeça manchada de amarelo.

Ocorrência
A abelha Guaraipo é encontrada no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A Guaraipo da Região Sul é a  Melipona bicolor schencki ou Guaraipo Negra e está incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção. Um fato sobre essa espécie é a resistência ao frio sendo considerada uma das mais resistentes ao clima frio.

As rainhas da abelha Guaraipo
Na espécie de abelhas Guaraipo, há mais de uma rainha na colônia. Nem todas as operárias são irmãs, algumas são primas ou exibem outro grau de parentesco, visto que as múltiplas rainhas tendem a ser mães e filhas ou irmãs. Em compensação, para reforçar os laços familiares, cada rainha parece cruzar com apenas um macho, isto garante a manutenção de sua genética.
A organização social típica da Guaraipo são colônias com 2 ou 3 rainhas e, às vezes, até 4 ou 5. Já se viu essa característica esporadicamente em outras espécies, mas não como padrão da espécie. Ninhos comandados por mais de uma rainha são um traço mais comum em colônia de Vespas e de Formigas.
Outro dado surpreendente da Guaraipo: as rainhas convivem em tranquilidade, sem grandes disputas, em um mundo onde a partilha de liderança não parece ser empecilho ao desenvolvimento do grupo.


Foto mostrando as várias rainhas em um ninho 

Ninho

O ninho da Melipona bicolor fica rente ao solo, dentro de cavidades de árvores. Na serra do Rio Grande do Sul, a Guaraipo nidifica tanto próximo ao chão quanto em alturas maiores, em proporção similar. A entrada do ninho, assim como da maioria das meliponas, é feita com barro. No interior da colmeia, os favos têm uma disposição espiral, cobertos por um invólucro de várias camadas de cerume, dentro do ninho, os favos de crias são construídos sequencialmente; Estes favos são removidos assim que a cria emerge das células. Diferente das outras meliponas, os discos maduros sempre estão na parte inferior dos discos. Ao redor do favo, estão os potes ovais onde ficam armazenados os alimentos (mel e pólen).

Mel

Mel muito saboroso, produz entre 1 litro e 1 litro e meio por verão.

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sábado, 30 de janeiro de 2021

Abelhas ASF sistema de postura e divisão de trabalho

Hoje falaremos como é a sistemática de postura da rainha de abelhas sem ferrão, e também como é a divisão de trabalho delas na colméia. 

 Foto da estrutura de discos e rainha demonstrando sistema de postura

Discos de cria

 No vocabulário dos meliponicultores, os favos de cria na fase de ovo até pré-pupa são chamados de “cria verde”, enquanto os favos na fase de pré-pupa até abelha adulta são chamados de “cria madura” ou “cria nascente”. O processo de desenvolvimento de uma abelha sem ferrão, desde o ovo até a abelha adulta, dura aproximadamente 40/45 dias, variando de espécie para espécie. Este período costuma ser um pouco mais longo para os machos e pouco mais curto para as rainhas virgens (princesas). Após sair das células (emersão), operárias e rainhas virgens vivem em média 50/55 dias. As rainhas, entretanto, depois de tornarem-se rainhas poedeiras, vivem de um a três anos podendo chegar a 5 anos.

Ciclo da postura até o nascimento das abelhas ASF 

Divisão de trabalho

As abelhas operárias são a grande força de trabalho de uma colônia. O tipo de trabalho realizado obedece a uma sequência, variando de acordo com a idade da abelha ao longo dos seus 50/55 dias de vida. Sendo assim, geralmente todos os indivíduos realizam todos os tipos de atividades, organizadas na seguinte ordem:

1. Nas primeiras horas após o nascimento, as abelhas realizam a limpeza corporal e permanecem sobre os favos de cria produzindo cera, secretada por glândulas específicas em forma de pequenas placas brancas no abdômen;

2. Nos primeiros dias, cuidam da cria manipulando cera: raspam as células de pré-pupa, constroem células de cria e auxiliam as atividades de postura da rainha;

3. A partir do primeiro terço de vida, passam a exercer atividades como limpeza e manipulação de alimento, mas não deixam de realizar outras funções que vinham exercendo;

4. É somente na segunda metade da vida, ou seja, após o 25º dia, que passam a exercer atividades no ambiente exterior. Nessa fase, as operárias também são chamadas de campeiras. Saem para o campo em busca de pólen, néctar, barro, resina (própolis) e água. Geralmente, antes da fase de campeiras, alguns indivíduos da mesma idade fazem a guarda da entrada e do túnel de ingresso, defendendo a colônia. Nessa função, são chamados de sentinelas.

Enxameação

A enxameação é o processo pelo qual as colônias de abelhas sem ferrão se reproduzem. É importante destacar que o processo está relacionado à reprodução da colônia como um todo, não de uma única abelha. Geralmente ocorre por conta da superpopulação da colônia, e está associado a um contexto de generosa oferta de alimento (pólen e néctar) no ambiente. 
A enxameação tem início quando algumas abelhas operárias deixam a “colônia-mãe” para buscar um lugar adequado para a construção de um novo ninho. A matéria-prima para a construção da nova moradia é retirada da colônia original e, assim, “colônia-mãe” e “colônia-filha” permanecem vinculadas por algumas semanas. Concluída a organização da nova moradia, parte das abelhas operárias e uma rainha virgem migram para o local. A rainha virgem é fecundada por um macho – geralmente de outra colônia – em um ritual conhecido como “vôo nupcial”. Uma vez fecundada, a rainha – agora poedeira – retorna ao novo ninho, estabelecendo a rotina biológica de uma colônia estabelecida.

Processo de enxameação das abelhas ASF


Assim concluí o ciclo salvo que cada espécie tem suas peculiaridades, porém não se diferenciando quando se trata em ciclo de postura e enxameação.


Fonte: Manual Tecnológico Mel de Abelhas sem Ferrão
           Jerônimo Villas-Bôas

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Propriedades curativas do mel de abelha Jataí

Hoje vamos falar sobre o mel de jataí (Tetragonisca angustula). As abelhas Jataí eram consideradas sagradas pelos povos tupi e atualmente já é possível reconhecer que as abelhas fazem parte da nossa agricultura sendo importante agente polinizador para a produção.
O mel das abelhas jataí é portador de vários benefícios medicinais. Este é benéfico para aumentar a resistência do organismo, trata o atraso de crescimento, trata o intestino preso e infecções intestinais, trata varizes, como pomada trata a conjuntivite e no campo neuro-psíquico é favorável no tratamento da depressão e da insônia. *CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS DO MEL DA ABELHA JATAÍ (Tetragonisca angustula ): líquido, com espuma superficial, aroma e sabor fortes, acidez (meg/Kg): 31,66, umidade 25,1%, sólidos solúveis 74,728%, sólidos insolúveis 0,172%, açúcar invertido(frutose, destrose e glicose) 61,807%. *PROPRIEDADES:ação dinamogênica (aumenta a resistência do organismo), ação ligeiramente aperitiva, ação febrífuga, ação sedativa (méis de aroma forte), suplemento alimentar, antisséptico (principalmente méis escuros), digestivo e laxativo, diurético, anti-anêmico (principalmente méis escuros). Segue o vídeo no nosso canal da colheita do mel: